segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Como viver em busca de um futuro promissor sem perder a intensidade do agora?

É incrível como algumas passagens da minha vida, por mais antigas que sejam, sempre vagam pela minha mente. Algumas dessas passagens ajudam, outras nem tanto.
Eu devia ter oito ou nove anos e já sabia que queria ser veterinária. Estava na casa da minha avó, quando uma tia soube que fiquei de recuperação em uma matéria e disse: "Não sei como você quer ser veterinária... Não estuda!"
Soou tão forte aquelas palavras que nunca mais as esqueci.
"Estudar. É isso que vai me deixar mais próxima de realizar meu sonho? Então tá bom!"  Pensei em seguida.
Depois disso eu não parei mais e tracei como meta de vida me formar como veterinária e estudar muito para ser a melhor que poderei ser. Custe o que custar.
A oportunidade, embora demorada, chegou, e devido às dificuldades que tive até conseguir, dou um valor enorme a tudo que envolve o curso, até sacrificar momentos únicos, simples e passageiros, para bons momentos sempre e constantes.
Lembro-me bem que aos seis anos de idade tive quatro cães em casa. Dois adultos e dois  filhotes. E esses dois filhotes ficaram doentes. Hoje sei o que eles tiveram e como trataria a doença; mas como desejei poder curá-los naquele momento! Senti-me tão impotente e com uma responsabilidade enorme, mesclado com desejo de vê-los curados, que acho que aqueles instantes foram decisivos para eu enxergar o queria pro resto da minha vida.
Meu pai, vendo meus choros de desespero, resolveu chamar um veterinário. Chegou um homem de cabelo branco, maleta e jaleco e começou a pegar meus cachorros e enquanto aplicava o remédio neles, eu o observava. Era uma criança de seis anos de idade, desesperada observando um homem de branco que poderia por fim naquela angústia,mas não era qualquer criança e não era qualquer homem.
Eu, naquele momento, confirmei o que de fato seria. Seria o que aquele homem era. Passaria aquele alívio para outras crianças também. Se, um dia, eu atender um animal e uma criança me olhar do mesmo jeito que olhei aquele homem naquela noite há muitos anos atrás, todos os meus esforços para chegar lá já haverá valido a pena. Cada noite virada, cada cansaço de um dia inteiro de aula de dia e a noite e todas as limitações. TUDO.
Quando por vezes abro mão de algo para dedicar-me aos estudos, ao conhecimento dessa arte, eu tenho em mente que é no mínimo, uma obrigação.
Vejo a vida passar diante dos meus olhos e o tempo carregando tudo o que vê pela frente, mas quando eu analiso tudo, vejo que no fundo, não me importo muito.
Importo quando afeta a minha vida de tal modo que  meu futuro poderá ser interferido com as decisões do presente. Mas a fé que possuo é tão forte que me acalmo e sei que tudo está no caminho, tudo ficará bem.
Da mesma forma em que tenho uns flash´s de momentos que vivi anos atrás, tenho uns flash´s de coisas que ainda viverei. Muitos se concretizam. Acho que eu desejo com tanta força e vontade que dá certo.
Eu tento pegar a essência de todos momentos que vivo. Tudo o que é bom naquele instante eu recolho para mim. Às vezes algo muito importante passa, mas talvez tenha sido apenas para passar. Eu tento "filtrar" tudo o que vem ao meu encontro e seguro o que posso, quando posso, enquanto posso. Algumas coisas escapam por entre meus dedos e a única solução é deixar ir, já que minhas forças não foram o suficiente, talvez em outra oportunidade, de outro jeito, com algo mais leve. Ou para que um dia em que eu esteja mais preparada e ainda mais forte, consiga segurar algo ainda mais forte.


O fato é: A vida é feita por fases. Cada fase demanda um tempo, uma espera, um esforço.
Tenho metas a cumprir. Não, ninguém me obriga a nada, mas desde que vi no filme que Jenny (mulher do Jhon Grogan, do filme Marley e Eu), tinha metas a cumprir na vida assim como eu, percebi então que não era tão louca assim. Só um pouco.
"Quem não sabe pra onde ir, qualquer lugar serve". Sei onde quero ir e qual estrada me levará até lá.
A vida pode ser suficientemente longa para dá tempo eu conseguir tudo que desejo. Desde eu entrando em casa com uma saco de papelão nos braços, sendo recepcionada por meu filho que abraça minhas pernas e pelo meu marido que adianta a janta - depois que viu que me atrasei na cirurgia de um paciente; ou ser curta e não conseguir nem comprar meu Honda Civic preto.
Seja como for, já falei a seguinte frase:  "- Quando eu conseguir entrar na faculdade de veterinária, poderei morrer em paz", então, a qualquer momento poderei ir em paz, pois minha missão de vida já está cumprida.
O que faço a mais por aqui, é hora extra.

O que chamo de "intensidade em um momento" parece ser diferente do que outros chamam. Já tive tantos momentos intensos e felizes e continuo tendo,como a cada obstáculo superado, a cada notícia de que um ente querido passa bem, passar Natal em família, aniversário em casa, dividir um ovo de páscoa... Essas simples coisas me fazem tão bem, tão minunciosamente feliz. O que chamo de intenso é um abraço de um ser de cinco anos que jura de pé junto que sou a melhor tia do mundo, quando deixo o que estou fazendo e brinco com ele.
Amigos antigos, verdadeiros e loucos estão sempre aí, dispostos a te chamar para uma festa onde vocês já sorriem de forma diferente desde já. Há uma energia acumulada de tempos em tempos, onde sempre é despejada de forma justa e perto deles. Sempre compensa e rendem boas gargalhadas. Férias!

As ações que tenho hoje me deixam mais perto do que quero ser amanhã, mas sem esquecer que nesse intervalo que chamo de  fase preparatória, ainda estou viva e consigo viver. Feliz.

Hoje é o dia do médico veterinário.
Recebi parabéns.
Isso me deixou feliz.
Intensamente feliz.
Merecidos parabéns.

"Felicidade se acha em horinhas de descuido".

Nenhum comentário:

Postar um comentário