segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Exatamente igual.

Ele estava vendo se o cabelo havia bagunçado muito no ônibus através do reflexo no celular. Não.
Foi quando olhou pro lado e sorriu pra um estranho, que achou estranho e escondeu a bolsa.
Não era a mesma coisa que ir a um parque de diversões sem os pais. A mulher gorila já não era uma opção de ir ver ou não. Ela estava em toda parte.
Alguém o cutuca para devolver algo que ele havia deixado cair sem querer. Nessa hora sentiu um alívio por imaginar que as pessoas dali não são tão ruins assim. Meia hora depois passou um adolescente correndo e levou uma das suas bolsas.
- Perdeu, perdeu.
- Volta aqui cara, que isso!
O ladrão ainda olhou pra trás pra ver se acredita que o rapaz havia pedido mesmo pra ele voltar. Corria rindo.
"Pelo menos só tinha uns cadernos com anotações e pouco dinheiro", pensou.
Ficou confuso. Duas horas confuso.
Voltou ao normal e foi na padaria pedir emprego.
Porque uma padaria? Gostava de pães. Achava que gostava tanto que podia viver fazendo isso.
- Sem experiência, sem chance, meu rapaz.
- Mas senhor, se ninguém me der uma oportunidade, nunca terei experiência.
- Saia daqui. Tenho muito o que fazer.
Foi numa farmácia. Porque uma farmácia? Era hipocondríaco. Achava que entendia de remédios mais do que farmacêuticos.
- Não, cara. Remédio requer conhecimento.
- Mas eu sou hipo...
- Você é o que?
- Nada não, obrigadao.
Achou melhor não expor isso para um farmacêutico. Foi embora.
Tentou lojas de roupas, calçados e de eletrodomésticos. Mas ninguém quis dar oportunidade para ele.
Saiu a noite. Ainda restou um pouco de dinheiro que havia juntado. Com dezoito anos e com pais humildes, não dá pra contar com muito e nem com muitas pessoas na cidade grande.
Sua vizinha havia comentado que seus olhos pareciam cor de mel quando vistos sob um certo ângulo de luz. Com tantos detalhes em uma frase, ele a pediu em namoro.
Ela foi seu amoleto da sorte.
Algumas pessoas quando entram na vida de outras são como amoletos, pois a partir daquele momento, tudo dará certo.
Escreveu uma música para ela. Deixou em cima da mesa. Um amigo em comum colocou os pés sobre a mesa e o papel grudou na perna dele. Quando terminou de ler, comentou que tocava e cantava e perguntou se podia cantá-la nos bares por onde ia.
Um mês depois tinha um cantor famoso na cidade querendo conhecer o autor da música.
A música falava de anel, cotidiano, ligações, saudade e sorrisos. Com tanta coisa sem nexo e de ponta cabeça na sua vida, era o que mais pensava.
Seus pais foram visitar a mais nova celebridade da cidade. Mas não era ele. Ele apenas escreveu a música.
Não ficou muito famoso e nem rico. O outro cantor ficou.
Foi quando se apresentou novamente na padaria para tentar novamente a vaga. Continuava sem experiência, mas já havia saído na TV, em um canal local. O dono da padaria então lhe deu a oportunidade.
Um ano depois tinha sua própria padaria. Começou a vender pizza a noite também. Escrevia músicas pensando na então esposa. O amigo cantava na pizzaria. Ficou rico. Contratava recém - chegados na cidade e sem experiência alguma.
Na segunda-feira ajeitou o cabelo no espelho da suíte antes de mais um dia de trabalho. Lembrou que em um dos cadernos que foram roubados havia escrito que ia tentar um emprego em um jornal da cidade.
Que bom que não lembrou e não foi.
Vai que conseguia...





domingo, 22 de setembro de 2013

...Mas eu fiquei assim.

Uma pessoa certa vez me disse que é bobagem dizer que não nos conhecemos muito bem, pois nos conhecemos sim. Sinto informar, mas essa pessoa está errada. Eu particularmente não me conheço bem. Podia jurar que me conhecia, mas não.
Estou em constante mudança por vezes impercebível por mim mesma. Quando eu reparo minhas atitudes em algumas ocasiões, consigo perceber então essas mudanças. Por vezes fico muito feliz.
Eu sabia que minha determinação para certos atos são implacáveis e consigo o que quero, mas não sabia que poderia ser tão incrivelmente maravilhoso que isso ocorra de forma fácil e rápida.
De fato é muito importante se surpreender consigo mesma constantemente.
Eu não sabia por exemplo que ia ficar tão bem e tão mais forte em tão pouco tempo.
Eu não sabia que quando encontro um desafio muito grande, posteriormente vem uma vitória justa com ele.
Quando quebramos uma perna, demoramos muito para colocá-la novamente no chão pois sabemos que está quebrada  e que vai doer; usamos então moletas para que nosso peso seja minimizado e consigamos colocá-lo no chão aos poucos e começamos a mancar e quando percebemos, recuperamos e voltamos a fazer o mesmo que o fez quebrar da última vez.
Não conseguiremos muita coisa se ficarmos em recuperação em um quarto, sozinho, lamentando do momento em que subiu na escada e caiu, quebrando assim a perna.
Levantar, riscar nomes no gesso e tocar os pés no chão de vez em quando é desafiante e bom. Faz bem. Principalmente pra  alma.

Gosto de conhecer pessoas. Principalmente pessoas interessantes que fazem valer a pena pisar o pé quebrado no chão.
É quando você percebe que nem dói mais. Tudo voltou como era antes e você pode tentar novamente, mas com mais cuidado.



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Explicações

Desculpa a falta de atualizações.
Algumas pessoas já me cobraram postagens, mas estou sem tempo....Desculpa.
Antes eu estava sem inspiração, agora tenho. Antes eu tinha tempo, agora não.
Estou estudando, estagiando, ajudando minha mãe e claro, me divertindo que não sou de ferro, né? hehe

Maaaaaaas, prometo um texto nos próximos dias. Não sei quando, mas não criem muitas expectativas. Criem porcos, bois e galinhas.

Brigada pelo carinho, pessoas!


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

É sobre o seu abraço

Ele tinha os cabelos engraçados que a divertia sempre. Ainda mais quando ele dizia que não penteou porque havia acordado atrasado.
- Atrasado pra que? Você está de férias!
- Atrasado pra nada. Era apenas uma desculpa. Pena que não colou.
Eles ficavam minutos sem dizer uma só palavra, e sem medo do silêncio constrangedor.
- Não gosto de diminutivos e nem de aumentativos. Normal faz bem. Ou é ou não é.
-Também não. A propósito, já disse que seu cabelo está engraçado?
- Já sim, mas eu gosto de ouvir
- E eu de dizer. 
- Ah, se eu rir daquele casal, me ajude a disfarçar.
- Claro! Eu finjo estar fazendo uma careta.
- Mas não precisa ir treinando.
- Como você é chato! Parece até eu falando!
Riram. Como em muitas vezes.

- Sorvete de abacaxi e depois suco de abacaxi. Pra que mais do que isso?
- Também acho.
~Nota mental: Parar de concordar, mesmo concordando. Vai parecer mentira ou falsidade. Embora não seja. ~
- Por que ficou séria, de repente?
- Nada não.
- Sabe quando você acha que aquele pote no congelador é sorvete e quando abre, encontra feijão?
- Sei sim! Já aconteceu comigo várias vezes.
- É assim que começa uma relação que depois não dá certo. 
- Você tem uns pensamentos malucos. Cabelos e pensamentos malucos. Ainda bem que já te conheço e não me iludo em vão. Você pode ser sorvete ou feijão. Eu gosto dos dois.

Os dois já não estavam mais naquela fase de expectativas faz tempo! Nem sequer a tiveram. Sabiam que era bobagem e como não tinham nada a perder, deixaram acontecer e aconteceu. Aconteceu muito bem.

Enquanto falava, o sorvete melou toda sua mão. Quando ele foi lamber, deixou cair sorvete na mesa. Foi limpar e deixou cair na calça e na blusa. Ela não conseguia parar de rir e sabia o que as pessoas sentiam quando é ela que passa por situações assim. Ele era desastrado assim como ela. Não precisavam se ajustar ou mudar nada. Só levavam guardanapos extras por onde iam. Ela sempre deixava derramar algo enquanto ria dele e vice-versa.
Às vezes ela se assustava por namorar alguém tão parecido com ela. Na maioria das vezes não. 
No manual de instruções do abraço tinha o passo a passo de como ele a abraçava.

Uma vez brigaram. Foi quando estavam comprando um porta retrato. Ele queria azul e ela verde. Ficaram um três horas sem se falarem. Riram durante dias da foto que ela colocou lá. Estava metade pintado de azul e metade pintado de verde. Não dava pra ver a foto. Mas era a mesma que estava no notebook deles.
Tinha um pedaço de folha pregado naquele porta retrato, escrito: "Te faço bem. Não esquece".

Ficaram bêbados uma vez. Foi a única vez que disseram "Eu te amo" um para o outro. 
Ela vomitou em seguida. Ele desmaiou.


Ela sempre dava um jeito de ir embora quando gostava de alguém. Mas fez questão de ficar dessa vez.
Não fazia questão de ter certeza se ia dar certo ou não. Estava mergulhada em tudo aquilo e foi sem certeza.
Era feliz. Com certeza.

Ele sorria de um jeito diferente. Sabia que aquele sorriso controlava tudo. Sabia o que fazia na mente dela com aquele sorriso.
Raramente diziam "Eu te amo".  Diziam coisas mais legais, tipo: "Pensando em você. Aqui. Já! Te dou meia hora."

Tiravam fotos juntos mas não postavam na internet. Pra que informar que estão juntos? Amigos e família já sabiam. Mais do que isso tornaria desnecessário.

- Minha filha, telefone pra você.
- Quem é? 
- Ainda pergunta?
- Diz que chego lá em meia hora. 

É o prazo que ele sempre dá. Ela atrasa. Ele não se importa.

Uma vez postaram uma foto dos seus rostos juntos, só mostrando os olhos dos dois. Ninguém entendeu o porquê de justamente aquela foto.


"Quem sabe se no fundo dos olhos dá pra ver nossas almas. Gêmeas."

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

MOTIVE-SE COM A REALIDADE



"Para ter sonhos não é necessário pagar nada. É grátis, mas correr o risco de realizá-los pode ter um custo muito alto. Por essa razão, muitos ficarão paralisados pelo medo de tomar uma iniciativa e acabarão passando por toda a vida somente sonhando e nada mais.

SONHO SEM CORAGEM = ILUSÃO

SONHO COM CORAGEM E SEM PREPARO = DESILUSÃO

SONHO COM CORAGEM E COM PREPARO = CHANCES MAIORES DE SUCESSO.

Sonhe, mas esteja preparado e tenha coragem. O preparo você pode até comprar, mas o sonho e a coragem você precisa encontrá-los dentro de você." 







Vi enquanto navegava pelo Facebook.

Como viver em busca de um futuro promissor sem perder a intensidade do agora?

É incrível como algumas passagens da minha vida, por mais antigas que sejam, sempre vagam pela minha mente. Algumas dessas passagens ajudam, outras nem tanto.
Eu devia ter oito ou nove anos e já sabia que queria ser veterinária. Estava na casa da minha avó, quando uma tia soube que fiquei de recuperação em uma matéria e disse: "Não sei como você quer ser veterinária... Não estuda!"
Soou tão forte aquelas palavras que nunca mais as esqueci.
"Estudar. É isso que vai me deixar mais próxima de realizar meu sonho? Então tá bom!"  Pensei em seguida.
Depois disso eu não parei mais e tracei como meta de vida me formar como veterinária e estudar muito para ser a melhor que poderei ser. Custe o que custar.
A oportunidade, embora demorada, chegou, e devido às dificuldades que tive até conseguir, dou um valor enorme a tudo que envolve o curso, até sacrificar momentos únicos, simples e passageiros, para bons momentos sempre e constantes.
Lembro-me bem que aos seis anos de idade tive quatro cães em casa. Dois adultos e dois  filhotes. E esses dois filhotes ficaram doentes. Hoje sei o que eles tiveram e como trataria a doença; mas como desejei poder curá-los naquele momento! Senti-me tão impotente e com uma responsabilidade enorme, mesclado com desejo de vê-los curados, que acho que aqueles instantes foram decisivos para eu enxergar o queria pro resto da minha vida.
Meu pai, vendo meus choros de desespero, resolveu chamar um veterinário. Chegou um homem de cabelo branco, maleta e jaleco e começou a pegar meus cachorros e enquanto aplicava o remédio neles, eu o observava. Era uma criança de seis anos de idade, desesperada observando um homem de branco que poderia por fim naquela angústia,mas não era qualquer criança e não era qualquer homem.
Eu, naquele momento, confirmei o que de fato seria. Seria o que aquele homem era. Passaria aquele alívio para outras crianças também. Se, um dia, eu atender um animal e uma criança me olhar do mesmo jeito que olhei aquele homem naquela noite há muitos anos atrás, todos os meus esforços para chegar lá já haverá valido a pena. Cada noite virada, cada cansaço de um dia inteiro de aula de dia e a noite e todas as limitações. TUDO.
Quando por vezes abro mão de algo para dedicar-me aos estudos, ao conhecimento dessa arte, eu tenho em mente que é no mínimo, uma obrigação.
Vejo a vida passar diante dos meus olhos e o tempo carregando tudo o que vê pela frente, mas quando eu analiso tudo, vejo que no fundo, não me importo muito.
Importo quando afeta a minha vida de tal modo que  meu futuro poderá ser interferido com as decisões do presente. Mas a fé que possuo é tão forte que me acalmo e sei que tudo está no caminho, tudo ficará bem.
Da mesma forma em que tenho uns flash´s de momentos que vivi anos atrás, tenho uns flash´s de coisas que ainda viverei. Muitos se concretizam. Acho que eu desejo com tanta força e vontade que dá certo.
Eu tento pegar a essência de todos momentos que vivo. Tudo o que é bom naquele instante eu recolho para mim. Às vezes algo muito importante passa, mas talvez tenha sido apenas para passar. Eu tento "filtrar" tudo o que vem ao meu encontro e seguro o que posso, quando posso, enquanto posso. Algumas coisas escapam por entre meus dedos e a única solução é deixar ir, já que minhas forças não foram o suficiente, talvez em outra oportunidade, de outro jeito, com algo mais leve. Ou para que um dia em que eu esteja mais preparada e ainda mais forte, consiga segurar algo ainda mais forte.


O fato é: A vida é feita por fases. Cada fase demanda um tempo, uma espera, um esforço.
Tenho metas a cumprir. Não, ninguém me obriga a nada, mas desde que vi no filme que Jenny (mulher do Jhon Grogan, do filme Marley e Eu), tinha metas a cumprir na vida assim como eu, percebi então que não era tão louca assim. Só um pouco.
"Quem não sabe pra onde ir, qualquer lugar serve". Sei onde quero ir e qual estrada me levará até lá.
A vida pode ser suficientemente longa para dá tempo eu conseguir tudo que desejo. Desde eu entrando em casa com uma saco de papelão nos braços, sendo recepcionada por meu filho que abraça minhas pernas e pelo meu marido que adianta a janta - depois que viu que me atrasei na cirurgia de um paciente; ou ser curta e não conseguir nem comprar meu Honda Civic preto.
Seja como for, já falei a seguinte frase:  "- Quando eu conseguir entrar na faculdade de veterinária, poderei morrer em paz", então, a qualquer momento poderei ir em paz, pois minha missão de vida já está cumprida.
O que faço a mais por aqui, é hora extra.

O que chamo de "intensidade em um momento" parece ser diferente do que outros chamam. Já tive tantos momentos intensos e felizes e continuo tendo,como a cada obstáculo superado, a cada notícia de que um ente querido passa bem, passar Natal em família, aniversário em casa, dividir um ovo de páscoa... Essas simples coisas me fazem tão bem, tão minunciosamente feliz. O que chamo de intenso é um abraço de um ser de cinco anos que jura de pé junto que sou a melhor tia do mundo, quando deixo o que estou fazendo e brinco com ele.
Amigos antigos, verdadeiros e loucos estão sempre aí, dispostos a te chamar para uma festa onde vocês já sorriem de forma diferente desde já. Há uma energia acumulada de tempos em tempos, onde sempre é despejada de forma justa e perto deles. Sempre compensa e rendem boas gargalhadas. Férias!

As ações que tenho hoje me deixam mais perto do que quero ser amanhã, mas sem esquecer que nesse intervalo que chamo de  fase preparatória, ainda estou viva e consigo viver. Feliz.

Hoje é o dia do médico veterinário.
Recebi parabéns.
Isso me deixou feliz.
Intensamente feliz.
Merecidos parabéns.

"Felicidade se acha em horinhas de descuido".

sábado, 8 de junho de 2013














É mesmo.
É como se toda a ingenuidade e esperança de uma criança fossem representadas em uma tirinha. Sensacional essa visão ampla de possibilidades e impossibilidades que pedimos a Deus, deixando para trás os pedidos mais impossíveis: Matar uma saudade de um grande amigo. Sinto isso constantemente. Saudade eterna do meu cachorro Bóris, que se foi ha 3 anos.
Sinta-se homenageado, meu cãozinho da guarda. Saudades eterna. 








sábado, 1 de junho de 2013

JUNHO!

01-06-2013

Enfim, mês de junho, meu mês favorito.

Junho é marcado por mim como mês de festas e muitas comemorações.
Dia 17 desse mês é o meu aniversário. Eu costumava gostar dessa data até meus 22 anos, mas agora eu comemoro como se comemora dia dos finados. Animação total. Mesmo assim, eu gosto.
Ano passado eu comemorei em casa e foi muito especial para mim, pois nos 3 últimos anos eu comemorei longe deles. Esse ano certamente também será um dia normal, sem comemoração. Mas também, quem é que quer comemorar 26 anos de idade? Bom, pelo menos estou viva, se for pensar pelo lado positivo.
Esse mês também trás consigo uma das minhas lamentações eternas: Comerciais de TV me lembrando constantemente do dia dos namorados, meninas andando pela rua com um buquê de flores, presentes e mais presentes sendo trocados, enfim. Eu nunca ganhei ou dei nenhum presente do dia dos namorados, mas quem liga? Cinco dias depois ganho algum no dia do meu aniversário. Pelo menos ganhava.
Esse mês também se comemora dia de São João. Há muitos anos minha família comemora as festas juninas na cidade da minha vó. Guardo bons momentos desde criança, quando eu via meu avô e sua enorme alegria quando chegávamos. Infelizmente morreu anos depois.
Fui crescendo e passei a comemorar o São João nas festas bem tradicionais e animadas. Ano passado pude voltar aos velhos tempos e é muito bom saber que certas coisas nunca mudam, principalmente quando lhe trazem boas lembranças. Esse ano acredito que não vai dá devido os estudos, mas lembrarei com muito saudosismo tudo aquilo: fogueiras, comidas típicas, forró, espada, estrala salão e muita alegria.
Eu tenho uma sensação de que ainda voltarei lá com a minha família formada e contarei para meus filhos os bons momentos que passei ali e farei com que eles gostem de datas comemorativas, assim como eu. Principalmente o São João e tudo aquilo que meu mês favorito me representa.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O que eu aprendi com meus animais.


Eu aprendi com meu cachorro Bóris que devo voltar sempre pra casa depois de sair sem olhar para trás.
Ele que voltava sempre machucado depois de algumas brigas na rua, me ensinou a voltar pra casa depois de lutar aqui fora também.
Ele sempre influenciava o meu outro cachorro a sair de casa também, assim que o portão se abria ele saia em disparada e nem sabia os perigos que ia ter que enfrentar, mas saia e, além disso, ainda incentivava o outro a sair também e correr sem olhar para trás. Então, com isso, eu aprendi a ver que existem pessoas nas suas zonas de conforto esperando apenas um empurrãozinho. Já sou responsável por algumas mudanças em algumas vidas.
Aprendi com Bóris a ser forte. Ele que viu seus amiguinhos serem levados de casa sem entender nada e sem saber para onde iam...Talvez até ele esperava um dia eles voltarem para casa, mas nunca voltavam. Ele foi o único que a leishmaniose não vitimou. Aprendi então a deixar as pessoas da minha vida partirem sem saber se um dia as verei novamente ou não. Na cidade de Três Corações eu deixei algumas pessoas lá e ainda espero revê-las, mas sem muita esperança.
Aprendi com Bóris que não devo exigir muito além do que podem me dar. Ele que se contentava com qualquer demonstração de carinho e olhar carinhoso...Um vira lata sobrevivente e forte até o último minuto de vida, sempre estava feliz com o mínimo, mesmo que o que seria mínimo para mim, era o máximo para ele. Com isso eu aprendi que não exijo roupas de marca e nem o que não posso ter e que meus pais fazem de tudo para me manter bem e qualquer coisa para mim já vira o suficiente.
Bóris desenvolveu dermatite por lambedura certamente devido ao estresse por estar sem seus amigos de antes e por sentir que as coisas não andavam bem. Já eu desenvolvi uma gastrite nervosa quase que pelos mesmos motivos.
Aprendi com Bóris que a luta pela vida é importante e mesmo com as pernas não conseguindo manter-se em pé nos últimos dias de vida, ele demonstrava-se forte e disposto a dar o último passeio com aquela que segue a profissão que ele ajudou a incentivar. Ele que passou por duas cirurgias aos doze anos de idade me mostrou que quando ainda não é a hora, Deus dá quantas chances precisar. Então eu aprendi que não era a hora do meu pai, que aos setenta e seis anos de idade, sofreu um infarto que costuma ser fatal e sobreviveu bravamente e lutou pela vida.
Aprendi com ele também que existe hora certa para tudo, até para morte. Ele que passou sua vida toda me mostrando que devo seguir a veterinária, esperou eu entrar na faculdade para então partir. Ele que escutou por tantos anos meus sussurros desejando um dia poder cuidar de animais incríveis como ele, esperou nosso último passeio e minha despedida, para então, depois de lutar dignamente pela vida até o último momento, partir. Eu esperei 23 anos e a hora certa para então estar na medicina veterinária.
Aprendi com Boby que sempre seguia Bóris nas fugas, que devo sempre acompanhar os exemplos das pessoas que julgo serem boas influências para mim e segui-las sem perguntar se aquela é a escolha certa.
Boby sempre mordia a perna de Bóris e ele com toda sua maturidade e paciência, apenas sentava para que Boby não conseguisse mais alcançar suas patas. Eu aprendi com isso a pegar no pé das pessoas calmas e não conseguia irritá-las mesmo insistentemente sempre fazendo a mesma coisa. Esses anjos da minha vida apenas sentam e com toda paciência do mundo me ouvem para então eu parar.
Aprendi com Boby que os pequenos são talvez os mais barulhentos e que fazem maior estrago. Um pinscher que não sabia mais como fazer nós voltarmos o olhar apenas para ele, clamava então por atenção todo tempo. Eu então comecei a perceber que as pessoas pequenas são assim porque de alguma forma precisam chamar atenção para compensar alguma coisa.
Boby foi vítima da leishmaniose e eu, infelizmente, tive que vê-lo partir. Não pude fazer muito naquela época pois não existia tratamento e não conhecia meus direitos como proprietária de um cão com essa doença. Então eu estudo sempre sobre a doença para tentar atingir ao máximo de pessoas possíveis sobre a prevenção ou tratamento da leishmaniose e então aprendi que não somos obrigadas a entregar nosso cão doente e que nossa casa é um inviolável.
Com Íbis, um coelho que tive na infância, comecei a sentir o gostinho de cuidar de um animal e gostei daquela primeira sensação de passar uma pomada numa ferida e vê-la sarar. Aos dez anos de idade lá estava eu correndo atrás da cura de uma ferida que apareceu nas costas de um coelho. Três vezes por dia passava a pomada e ele curou. Foi aí que descobri que quero passar o resto da minha vida sentindo aquela sensação. Eu aprendi com Íbis a superar qualquer expectativa. Um animal como ele viveria apenas uns oito anos em cativeiro, mas ele viveu dez.
E com Bono, meu papagaio, aprendi o significado de um amor verdadeiro e único. Papagaios escolhem delicadamente um parceiro para a vida toda. Por isso tanta cautela e dedicação. Não é qualquer um que serve, pois já que ele vai passar muito tempo com o papagaio que escolher, então que valha a pena. Criterioso e exigente, mas quando acham, são extremamente carinhosos e fiéis. Reforcei, com a chegada de Bono, essa ideia. Vale a pena esperar por alguém que valerá a pena. E ser cautelosa e exigente não é nenhum pecado.
Eu sou a parceira pra toda vida que Bono escolheu, então para mim são reservados as mais delicadas bicadas e os mais deliciosos carinhos.
Aprendi com ele a amar muito e a odiar ainda mais. Bono simplesmente não atura alguns membros da minha família, mesmo eles não tenha o feito mal, mas ele simplesmente ataca para demonstrar que não gosta. Bono então me ensina a não ser falsa e a deixar claro quando não gosto de algo.
Já com quem ama, é extremamente carinhoso, dedicado, fiel e adora provocar dúvidas em relação a todos esses sentimentos despejados numa pessoa só e por isso, de vez em quando provoca dor ao bicar mais forte. Talvez seja uma forma de dizer: "Se aguentar é porque fez mesmo a escolha certa."
Canta quando está feliz, deixando bem claro como se sente e taca quando não quer sair de casa, deixando bem claro que quer curtir aquele momento sozinho e que aquele hora não é a hora certa.
Bono se alegra e abre as asas sempre que eu chego perto. Essa é a forma dele de mostrar que aquela pessoa é bem vinda.
Sempre grita do mesmo jeito, como se me chamasse sempre que eu me afasto. E abre as asas quando chego.
E enjoa da comida, mesmo gostando muito dela.
Bono sempre reconhece as músicas que canto para ele e sempre que a música toca ele quer cantar junto. Isso o faz sentir mais próximo de mim e essa é a forma dele de sentir minha presença  e talvez sinta saudade, mas não pode fazer muita coisa a respeito, apenas esperar eu voltar.
Ele grita, berra, brinca, ataca, faz carinho, quer carinho e sempre no dia que assim quer.Tem dias que está sem graça, não curte nada, não se ouve um som vindo dele e  tem dias que e não quer sair de casa, apenas esperar o dia acabar. Ele gosta sempre das mesmas coisas, do mesmo jeito, das mesmas pessoas e dos mesmos lugares. Igual a mim
 Antes de atacar, ele avisa para a pessoa poder se afastar. E quando quer carinho apenas se aproxima e abaixa a cabeça. Às vezes ele faz isso para a mesma pessoa e no mesmo dia. Igual a mim.

Todos meus se foram e levaram um pedaço de mim. Plantaram uma sementinha em mim que brotou e hoje e me mantém viva.

Bono mora na Bahia e eu em Minas Gerais. A saudade é enorme e nos meus sonhos sempre consigo matar um pouco da saudade. Dizem que papagaios vivem uns 60 anos. Eu espero mesmo...Tenho muito ainda o que aprender com ele. E, além disso, eu sou o amor dele e ele o meu.