quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Eu não falava sozinha. Walk on


Daqui alguns dias eu volto pra Mg. Fico feliz e triste ao mesmo tempo. Deixo para trás tudo que amo para ir em busca de outra grande paixão. É válido. Minhas férias foram excelentes. Natal, reveillon incríveis e ficar perto da família é uma das coisas que tem um raro valor. Eu senti falta de uma coisa aqui: Latidos.
Desta vez não ouvi nengum latido vindo do quintal e nem sai a noite pensando em tudo, tomando decisões e vendo num olhar uma confirmação e transformando aquele momento num combustível para mim. Era como se cada passo e cada olhar fosse transformando uma energia mecânica em elétrica.
Quantas vezes eu já não passeei com ele e conversamos sobre o dia em que eu finalmente passar no vestibular e poder cuidar dele. E justamente no ano em que consigo ele se vai. É como se todo esse tempo ele estivesse ali só para me manter firme na convicção de que tudo ia dá certo e finalmente quando dá ele se sente no dever cumprido e pôde então partir.
Não me assusto com essa realidade, sei que ele veio para mim com uma missão. Lembro-me que sempre que batia o desânimo e eu pensava em jogar esse sonho pra cima ele ficava doente e o levava no veterinário e eu em casa cuidava dele. Infelizmente da última vez eu não pude fazer nada.
Aquele lugar dele no quintal tem um ponto de interrogação e eu sempre olho pra lá para ver se aquela energia prevalece. Sim, claro que sim, está lá.
Quando eu pensava nele enquanto meu sobrinho estava no quintal também, ele olhou pro meu pai e perguntou: -Cadê Bóris, vô?
Eu olhei pra ele e e olhei pro lugar onde Bóris ficava, meu pai olhou pra mim e percebeu que eu não tinha a resposta e respondeu que ele foi embora...viajou.
É, viajou...Levou meu amor na bagagem, minha eterna gratidão, um pedaço de mim, e se foi viajar.
O contato que ele mantêm é a reposição da minha fé que sempre vem em doses altas quando penso que não vou conseguir.
Eu creio que de um jeito ou de outro sempre ele estará lá comigo e sendo meu cão guia aonde eu for e quando estiver sozinha e cega de dúvida ele me faz manter a esperança de que tudo dará certo.
Bóris com certeza só iria quando eu conseguisse, durou 13 anos e se foi. Menos um para eu despedir no próximo domingo rumo a estrada que ele me guiou.
Deus de fato sabe o que faz.