domingo, 24 de outubro de 2010

Saudade. Final de ano. Saude.

Cheguei em meu quarto hoje depois de um dia confuso. Olho para o lado e vejo a cartilha do ENEM em cima da mesa e me deparo com uma realidade: Tudo isso aconteceu por causa desse tal ENEM. E mais, esse dia resume todo o ano que tive: bastante confuso.
Eu nunca havia feito nenhuma simpatia de fim de ano, réveillon ou algo do tipo mas ano passado eu quis fazer diferente. Fiz uma simples simpatia de réveillon para ver se funciona mesmo, afinal de contas, tinha mais que apelar mesmo. Meu ano havia sido totalmente sem graça, pois só ficava em casa estudando e já tinha dado o que tinha que dá.
Foi ai que eu e minhas amigas tivemos a ideia brilhante de nos arrumar e fazer a nossa festa na praça da cidade. Aconteceu o melhor réveillon da minha vida. Me diverti como se não houvesse amanhã. Me diverti com minhas amigas como se já adivinhasse o que estaria por vir.
Para mim, aquela praça eu não via mais ninguém além das malucas das minhas amigas fazendo a diferença.
Eu só lembro de ter chegado em casa e pensado: Bem que esse ano poderia ser a continuação infinita dessa noite: diferente, divertida, cheia de acontecimentos e inovador.
Não havia feito nenhuma promessa de início de ano. Nem eu acreditava mais nelas.
Passado um tempo, durante meu carnaval tenho a notícia de que a chance que eu esperava havia chegado. Muitos contras, poucos a favor, mas cá estou vivendo dias como este. Quem quiser um conselho sobre arriscar ou não, ai vai: Arrisque-se. O máximo que você vai ter é uma decepção de não ter conseguido e não de não ter tentado.
O ser humano tem em sua natureza o tal medo de mudar, tentar e arriscar. Eu só tenho essa vida pra viver e nem sei o dia que não vou sair viva dela, então arrisco mesmo.
Eu amadureci e vivi muitas experiências esse ano.
Esse tal ENEM bateu na minha porta e gritou: A HORA É AGORA. ACORDA.
Acordei e cá estou, com saudade, arrependimentos, mais amigos no meu MSN, Orkut, mais contatos no meu celular, mais pessoas para compartilhar momentos fudidos, tensos, alegres e fenomenais.
Dizem os bons que a vida é uma caixinha de surpresas, pois bem, abro uma todo santo dia. As surpresas aparecem juntamente com antigos amores maus resolvidos, amizades apagadas, saudade de tudo que reclamava, cheiros, gostos, olhares, gestos.
Deixei muitas coisas pra trás quando decidi vir pra cá e deixarei outras tantas quando curtir minhas férias e perceber que o ano seguinte será ainda mais diferente do que este.
Sorte de principiante ou não, gostei desse ano em novas terras tupiniquins. Eu posso dizer que continuo a mesma palhaça possuidora de frases de triplo sentido, pervertida, delinquente, boca suja – quando me junto as minhas amigas da Bahia, mas aqui eu me comporto mais. Faço um esforço gigantesco para não soltar nada que faça um cidadão desavisado achar que eu sou é uma fugitiva de um hospício e não uma detentora de bolsa de estudo. Mas confesso que estou com mais que saudade de sair para qualquer lugar com aquelas minhas amigas que me conhecem mais que qualquer outra pessoa, conhece todos meus lados e mesmo assim me amam. Estou com saudade de chegar na casa de alguém sem ela nem saber que já cheguei, abrir a geladeira procurando algo pra comer, ter a cara de pau de reclamar que não tem, de xingar mesmo, de fazer fact´s de alguém e rir até doer a barriga, de dançar no meio da rua, de rir da desgraça alheia e falar tudo que está passando na minha cabeça sem medo de alguém olhara para o lado, ter a certeza que nada a impede e sair correndo sem olhar para trás. Resumindo: estou com saudade da singularidade que possuem as amigas que escolhi para minha vida inteira. Dos seus conselhos, da força, dos sorrisos, gargalhadas, ajuda imediata, disposição para tudo e qualquer coisa, enfim .
Certamente qualquer outra pessoa que tivesse amigas e uma família como a minha seriam mais exigentes – e cobrariam mais das que eventualmente conhecesse ao deixá-los para trás. Eu tento não fazer isso, tento não cobrar nada de ninguém só porque tinha o que precisava em casa e agora não tenho mais. Pessoas que fazem questão de fazer direito qualquer coisa que pegasse para fazer, pessoas fiéis, dedicadas, sinceras, honestas, carinhosas e do bem.
Vou conhecendo, valorizando, afastando, juntando, grudando, desgrudando de todos que aproxima. Nunca disse tantos nãos e nunca me conheci tanto em toda a vida.
Esse ano passou rápido o suficiente para eu dizer “já?” e lento o suficiente para dizer: “ainda?”.
Falhei em tantas coisas que agora sei que se eu não aprendi com esses erros, não aprendo nunca mais. Me reciclei e achei que havia encontrado a solução dos meus problemas quando ainda nem cheguei perto, mas cheguei mais perto do que se não tivesse achado nada .
Pra ser sincera, esse ano foi o mais fuck you da minha vida. O mais intrigante, angustiante, proveitoso. O mais... o mais... o mais.
Acho que não vou escrever cartinhas para ninguém este ano. O máximo que farei é deixar registrado de qualquer forma o quão foi importante a passagem de cada um em minha vida.
Deixarei para trás não apenas 360 dias vividos de forma “pode melhorar ainda mais amanhã, como deixarei partir quem ainda ficará em mim, selecionarei os colegas que valham minha atenção, tentarei cortar mais alguns centímetros do cordão umbilical que ainda me prende à minha família e vou ainda conhecer pessoas que já conheço para a certeza de que sim, posso mantê-la na minha vida sem grandes sustos futuros.
Futuro. Vamos que vamos, 2011.
Valeu ae 2010, você foi foda!

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